quarta-feira, julho 15, 2009

A palavra

foto de António de Bastos
A palavra é uma estátua submersa, um leopardo
que estremece em escuros bosques, uma anémona
sobre uma cabeleira. Por vezes é uma estrela
que projecta a sua sombra sobre um torso.
Ei-la sem destino no clamor da noite,
cega e nua, mas vibrante de desejo
como uma magnólia molhada. Rápida é a boca
que apenas aflora os raios de uma outra luz.
Toco-lhe os subtis tornozelos, os cabelos ardentes
e vejo uma água límpida numa concha marinha.
É sempre um corpo amante e fugidio
que canta num mar musical o sangue das vogais.

António Ramos Rosa

7 comentários:

Marta disse...

amo o que este SENHOR escreve.


e tu és linda, porque só nos dás poemagens [poemas + imagens] lindas

bjo

Isaura Pereira disse...

Que delicia :-)

è bom passar aqui ;)

Jocas

Fernanda disse...

Lindo este poema...
Sim,...no Amor a palavra é fugidia...não se diz...sente se.

Um abraço sem mar

Su disse...

marta; isaura; fer...........


jocas maradas.........sempre

AugustoMaio disse...

A proporção fica profunda na foto. E, no mais, o ARR é sempre beleza e palavra puras.

simplesmenteeu disse...

O amor espreguiça-se na palavra...

Ergue uma ponte, abre uma estrada ou faz nascer um rio.

Desenha uma flor na pele amada, dá-lhe cor e aroma e sai cantando a noite e reinventando as madrugadas.

Gostei muito da tua escolha. É lindo este poema!

Beijo carinhoso

Porcelain disse...

Muito bonito... :) Lindas palavras...