domingo, agosto 26, 2007

nada

A minha sede de infinito é maior do que eu, do que tudo, e o meu espiritualismo ultrapassa o céu. Nada me chega, nada me convence, nada me enche. Sou uma pobre que nenhum tesouro acha digno das sua mãos vazias.”
Florbela Espanca

sexta-feira, agosto 24, 2007

quarta-feira, agosto 22, 2007

mergulhe

"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender,
viver ultrapassa qualquer entendimento."

(Clarice Lispector)

terça-feira, agosto 21, 2007

na floresta do alheamento

Ó felicidade baça! ...
O eterno estar no bifurcar dos caminhos!...
Eu sonho e por detrás da minha atenção sonha comigo alguém...
E talvez eu não seja senão o sonho desse Alguém que não existe...

segunda-feira, agosto 20, 2007

um segundo

faz...........fura o dedo....
faz um pacto comigo.....................
por um segundo mais feliz
(como diz a canção)
















experimentei....gostei
http://www.dumpr.net/

domingo, agosto 19, 2007

sinto saudade


velocidade

salvador dali
Acharíamos ridículo que se pudesse dizer, por exemplo, de um amoroso repudiado que ele sofreu três polegadas de vexame ou meio quilo de opróbrio (vergonha/vexame/desonra).
Mas é exactamente o mesmo que acontece ao dizer-se que se esteve três quartos de hora à espera da namorada no café, porque a paciência não tem nada a haver com o percurso solar.

Vergilio Ferreira

sexta-feira, agosto 17, 2007

foto de Paulo JR Cardoso

aqui é sempre bom

Insônia

Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo. (...)

Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a Natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exactamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exactamente. Mas não durmo..


a.campos

quinta-feira, agosto 16, 2007

ai como eu gostaria

foto de J. PEDRO MARTINS

terça-feira, agosto 14, 2007

a outra

(...) ah, por ora, idos remo e rumo
dá-me as mãos, a boca, o teu ser
façamos desta hora um resumo

do que não poderemos ter.
nesta hora, a única,
a outra.





desce a névoa da montanha...
desce ou nasce ou não sei quê...
minha alma é a tua estranha,
quando vê, vê que não vê.
mais vale a névoa que a vida...
desce, ou sobe: enfim, existe.
e eu não sei em que consiste
ter a emoção por vivida
e, sem querer, estou triste.
(...)


fernando pessoa

domingo, agosto 12, 2007

Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

divirtam-se


sexta-feira, agosto 10, 2007

ela

"Esperava, paciente, há horas. Tanto fora o tempo sobejante, que aprendera, primeiro, a lidar com ele, tornando-se observadora nocturna da vida real, depois sonhadora diurna das vidas possíveis."

quarta-feira, agosto 08, 2007

ah

foto de Maria José Amorim
Ah, céus, como a vida é absurda! Mas já é tarde e tenho que dormir. Tenho que pensar. Tenho que viver. Tenho que pintar a cara e a alma com as cores do existente. E quando me deitar na cama, serei mulher de alma encarnada embora no céu, meia dúzia de estrelas continuam apagadas.
Lucilene Machado

segunda-feira, agosto 06, 2007

em -----


quero ser o lado bom

sábado, agosto 04, 2007

uma canção distante

Joana Homem da Costa

Guardo tuas coisas para uma viagem

(em que tempo?)

...

Guardo tuas coisas para uma viagem

(em que modo?)

....

Guardo tuas coisas para uma viagem

(em que vontades?)


e o mar,

brutalmente mar,

mesmo assim,

as coisas tuas guardadas, fiel —

(onde?):

navegar é possível.

...

Soares Feitosa

sexta-feira, agosto 03, 2007

noite

foto de Carla Salgueiro

É de noite, na noite de mim,
que diariamente me exponho
nos silêncios libertados.


Helena Monteiro
in Antologia da Ases, São Paulo, 2000/2001

quarta-feira, agosto 01, 2007

queima






a.gosto








foto de Christopher Gilbert