domingo, maio 31, 2009

eis

foto de Helena E. Bellamy
O que o moralista mais odeia nos pecados dos outros é a suspeita acusação de covardia por não ter coragem de os cometer.

sexta-feira, maio 29, 2009

gosto de azul mas hoje quero o vermelho


(...)
Já o sonho começa...
Tudo vermelho em flor...
Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

quarta-feira, maio 27, 2009

a vida


foto de Ana Franco

"A vida é maluca! Nós nos apressamos em busca de intimidade e envolvimento pessoal, apenas para morrer de medo quando a possibilidade aparece…"


(Carl Whitaker)

sempre

foto de Alvaro Marques
(...)
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
(...)
A.Campos

terça-feira, maio 26, 2009

beira-mar

foto de Ricardo
“Estou sentado á beira-mar, olhando o mar sem o ver.
Voa no meu pensamento, a dança e contradança de lembrar e esquecer.
Não sei se vou esquecer. E enquanto sei e não sei;
Estou sentado à beira-mar, olhando o mar sem o ver.
Na tal dança, contradança de pensar e não pensar, pressinto que vou sentir lágrimas no meu olhar.
E enquanto sinto e não sinto, atiro pedras ao mar.”
Milan kundera

segunda-feira, maio 25, 2009

ser


"As vezes acho que perdi a memória...
Repito sempre os mesmos erros...
as mesmashistórias".

domingo, maio 24, 2009

eterno


foto de Carlos Serejo

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata....


Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, maio 22, 2009

apetece-me

foto de Marta Magalhaes

quinta-feira, maio 21, 2009

voltou a chuva


foto de Pereira Lopes

(...)

Ramon Casas, Jove Decadent, 1910
(...)
vivi muitos sonhos falsos
e sentei me em demasiados lugares ocupados
para no fim encontrar
apenas a ridícula solidão
.
mas tu também saberias que morri se acaso me visses.
ou não...
se os teus olhos não estiverem já perdidos a espreitar horizontes longínquos.


escrito pelas velas do blog
as velas ardem até ao fim

quarta-feira, maio 20, 2009

o meu olhar....

foto de Ricardo
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
(...)
Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914

segunda-feira, maio 18, 2009

momentos

foto de pedro

encontros
sussurros
abraços

assim

foto de Pedro

domingo, maio 17, 2009

leio.te

foto de Alfio Torrisi

"Leio-te este poema com sílabas em vez de versos.
Tem a medida dos teus dedos, e ponho no teu peito como um colar em que as contas são palavras, o fio que se faz da tua voz, e o fecho se abre nos teus lábios.
Vejo a estrofe cobrir-te, como um vestido de flores, e sacodes os cabelos para trás das costas, libertando de rimas e de sombras o teu colo.
E desaperto-te a cintura, onde métricas e metamorfoses se juntam, para que sejas só tu, comigo, e entre mim e ti se dissolva a poesia"
Nuno Júdice, Musa, Geometria Variável, Dom Quixote

Plano


foto de Bubbles

Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor que se despeja no copo da vida, até meio, como se o pudéssemos beber de um trago. No fundo, como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na boca.


Pergunto onde está a transparência do vidro, a pureza do líquido inicial, a energia de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa da alma suja de restos, palavras espalhadas num cansaço de sentidos.


Volto, então, à primeira hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez, esperando que o tempo encha o copo até cima, para que o possa erguer à luz do teu corpo e veja, através dele, o teu rosto inteiro.


Nuno Júdice

sábado, maio 16, 2009

pensas-me

(...)
Pensas-me a ilha e me sitias
de violinos por todos os lado
se em tua pele o que eu respiro
é um ar de frutos sossegados.
Natália Correia

------------------------------ miados


foto de hugo andre castro

sexta-feira, maio 15, 2009

?

foto de RAPHAEL o pensativo

“SE SOU MAIS QUE UMA PEDRA OU UMA PLANTA?
NÃO SEI. SOU DIFERENTE, NÃO SEI O QUE É MAIS OU MENOS.”
ALBERTO CAEIRO

quinta-feira, maio 14, 2009

gostei


foto de filipe baptista varela

Sim, farei ...

foto de Marcos Sobral

Sim, farei ..., e hora a hora passa o dia ...
Farei, e dia a dia passa o mês ...
E eu, cheio sempre só do que faria.
Vejo que o que faria se não fez,
De mim, mesmo em inútil nostalgia.

Farei, farei ... anos os meses são
Quando são muito – anos, toda a vida,
Tudo ... e sempre a mesma sensação
Que qualquer coisa há-de ser conseguida
E sempre quieto o pé e inerte a mão ...

Farei, farei, farei, ... sim, qualquer hora
Talvez me traga o esforço e a vitória,
Mas será só se nos trouxer de fora.
Quis tudo – a paz, a ilusão, a gloria ...
Que obscuro absurdo na minha Alma
chora?
(FP)

quarta-feira, maio 13, 2009

selo - j adore ton blog


A JU, ofereceu-me este selinho que é um mimo!
.
... as regras são:
.
1 – Colocá-lo no seu blog
2 – Indicar 10 blogues que adore
3 – Informar aos blogs indicados que receberam o selo
4 – Dizer 5 coisas que adorem na vossa vida
.
as velas ardem sempre ate ao fim ( as velas tb me deu o mimo)
.
....e haveria muitos mais por mim adorados, but......escolhi estes 10, mas todos os meus linkados são meus eleitos
.
em relação a coisas que adoro...são tantas.......
.
1- adoro a minha família, derreto.me com meus sobrinhos
2- adoro os meus amigos, apesar de poucos
3- adoro gatos , gatinhos, gatões
4- adoro ler e ouvir "minhas músicas"
5- adoro aneis, pulseiras, perfumes, malas, sapatos..ops ok paremos por aqui , com tanta futilidade..................................................

saudades de mim

despeço.me do savoy hotel

encerrou hoje

construido em 1912

restaurado na decada de 70

um ex libris da ilha


por lá passei
vivi
a minha adolescência
.
.
.
...as piscinas
....os jardins
....os corredores sem fim
...o alameda

faz tempo, mas foi um bom tempo
valeu por tudo o que foi lá vivido
sim, saudades de mim

terça-feira, maio 12, 2009

acessos

foto de bruno silva

Já senti tantos acessos de alegria e tristeza que nunca mais me deixarei arrastar por elas à primeira vista.” Shakespeare

todas as palavras

Há palavras que fazem bater mais depressa o coração – todas as palavras – umas mais que as outras, qualquer mais que todas.
Conforme os lugares e as posições das palavras.
Segundo o lado de onde se ouvem – do lado do Sol ou do lado onde não dá Sol.
Cada palavra é um pedaço de Universo.
Um pedaço que faz falta ao Universo.
Todas as palavras juntas formam o Universo.
As palavras querem estar nos seus lugares!
Almada Negreiros

segunda-feira, maio 11, 2009

sentir

foto de luis reininho
Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore.
Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos.

Clarice Lispector

não sei......

foto de Miguel Marques
«Não sei para o que vim. Sei porque tive de vir: para escapar ao que me sufocava. Como se não houvesse outro lugar, outra cidade. Como um estilhaço de ferro é atraído por um íman. Agora devo esperar que algo aconteça, sem ter a mínima certeza de que vai acontecer, com a angústia acrescida de que algo aconteça sem que eu dê por isso, de falhar o inesperado. É preciso, creio, distinguir o que se sabe do que não se sabe; e o que não se sabe do que nem sequer se sabe que não se sabe. O que não sei que não sei é o decisivo. Talvez seja por isso que vim até aqui, que tive de regressar a esta cidade no meio de um deserto. O deserto que alastra, não cessa de alastrar, por todo o mundo. Tenho de aprender de novo a esperar. A estar atento. Repito: facilmente me pode escapar aquilo por que vim, se nem um nome lhe sei dar

Pedro Paixão

domingo, maio 10, 2009

segunda-feira, maio 04, 2009

azul



tu.....


foto de Carlos Lopes Franco

Aquilo que condenas
Não condenas.

Tu és o paradoxo
De ti próprio
,
A luta da tua luta,
A compreensão do incompreensível.

Dizes o que não pensas.
E não pensas o que pensas.

Amas como dizes não amar...
Sentes como dizes não sentir...

Não és poeta mas és fingidor.
Só não sabes que és ambas
As coisas
E que em ti nascem e morrem
Infinitos;
que em ti se consagram
Mundos e vontades,
Que és nascente de rio
E foz ao mesmo tempo
Só não sabes que sabes
(ou saberás que sabes?)

João Mattos e Silva

domingo, maio 03, 2009

Poema à mãe

foto de Cecy_G_
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...
Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me?
-,às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
"Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...
Boa noite. Eu vou com as aves!

(Eugénio de Andrade)

sábado, maio 02, 2009

gosto de

foto de Cecy.G


Gente que gosta de fazer as coisas que gosta,
sem fugir de compromissos
difíceis e inadiáveis,
por mais desgastantes que sejam

momentos, passeios , lugares

fotos de Gabriel Scayola























"Regressamos sempre aos velhos lugares aonde amámos a vida. E só então compreendemos que não voltarão jamais todas as coisas que nos foram queridas. O amor é simples, e o tempo devora as coisas simples."
José Eduardo Agualusa

sexta-feira, maio 01, 2009

como um gato

Há dia, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento - um vago agradecimento? - e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar.
em «Assinar a Pele» de Pedro Paixão (Escritor português, 1956- )

shiuu