O que o moralista mais odeia nos pecados dos outros é a suspeita acusação de covardia por não ter coragem de os cometer.
domingo, maio 31, 2009
sexta-feira, maio 29, 2009
gosto de azul mas hoje quero o vermelho
(...)
Já o sonho começa...
Tudo vermelho em flor...
Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'
quarta-feira, maio 27, 2009
a vida
sempre
terça-feira, maio 26, 2009
beira-mar
foto de Ricardo
“Estou sentado á beira-mar, olhando o mar sem o ver.
Voa no meu pensamento, a dança e contradança de lembrar e esquecer.
Não sei se vou esquecer. E enquanto sei e não sei;
Estou sentado à beira-mar, olhando o mar sem o ver.
Na tal dança, contradança de pensar e não pensar, pressinto que vou sentir lágrimas no meu olhar.
E enquanto sinto e não sinto, atiro pedras ao mar.”
Milan kundera
Voa no meu pensamento, a dança e contradança de lembrar e esquecer.
Não sei se vou esquecer. E enquanto sei e não sei;
Estou sentado à beira-mar, olhando o mar sem o ver.
Na tal dança, contradança de pensar e não pensar, pressinto que vou sentir lágrimas no meu olhar.
E enquanto sinto e não sinto, atiro pedras ao mar.”
Milan kundera
segunda-feira, maio 25, 2009
domingo, maio 24, 2009
eterno
foto de Carlos Serejo
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata....
Carlos Drummond de Andrade
sábado, maio 23, 2009
sexta-feira, maio 22, 2009
quinta-feira, maio 21, 2009
(...)
Ramon Casas, Jove Decadent, 1910
(...)
vivi muitos sonhos falsos
e sentei me em demasiados lugares ocupados
para no fim encontrar
apenas a ridícula solidão.
mas tu também saberias que morri se acaso me visses.
ou não...
se os teus olhos não estiverem já perdidos a espreitar horizontes longínquos.
escrito pelas velas do blog
as velas ardem até ao fim
(...)
vivi muitos sonhos falsos
e sentei me em demasiados lugares ocupados
para no fim encontrar
apenas a ridícula solidão.
mas tu também saberias que morri se acaso me visses.
ou não...
se os teus olhos não estiverem já perdidos a espreitar horizontes longínquos.
escrito pelas velas do blog
as velas ardem até ao fim
quarta-feira, maio 20, 2009
o meu olhar....
foto de Ricardo
O meu olhar é nítido como um girassol.
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
(...)
Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914
segunda-feira, maio 18, 2009
domingo, maio 17, 2009
leio.te
foto de Alfio Torrisi
Tem a medida dos teus dedos, e ponho no teu peito como um colar em que as contas são palavras, o fio que se faz da tua voz, e o fecho se abre nos teus lábios.
Vejo a estrofe cobrir-te, como um vestido de flores, e sacodes os cabelos para trás das costas, libertando de rimas e de sombras o teu colo.
E desaperto-te a cintura, onde métricas e metamorfoses se juntam, para que sejas só tu, comigo, e entre mim e ti se dissolva a poesia"
Nuno Júdice, Musa, Geometria Variável, Dom Quixote
Plano
foto de Bubbles
Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor que se despeja no copo da vida, até meio, como se o pudéssemos beber de um trago. No fundo, como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na boca.
Pergunto onde está a transparência do vidro, a pureza do líquido inicial, a energia de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa da alma suja de restos, palavras espalhadas num cansaço de sentidos.
Volto, então, à primeira hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez, esperando que o tempo encha o copo até cima, para que o possa erguer à luz do teu corpo e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
Nuno Júdice
Etiquetas:
Nada tem valor se não for lido e partilhado
sábado, maio 16, 2009
pensas-me
sexta-feira, maio 15, 2009
?
quinta-feira, maio 14, 2009
Sim, farei ...
foto de Marcos Sobral
Sim, farei ..., e hora a hora passa o dia ...
Farei, e dia a dia passa o mês ...
E eu, cheio sempre só do que faria.
Vejo que o que faria se não fez,
De mim, mesmo em inútil nostalgia.
Farei, farei ... anos os meses são
Quando são muito – anos, toda a vida,
Tudo ... e sempre a mesma sensação
Que qualquer coisa há-de ser conseguida
E sempre quieto o pé e inerte a mão ...
Farei, farei, farei, ... sim, qualquer hora
Talvez me traga o esforço e a vitória,
Mas será só se nos trouxer de fora.
Quis tudo – a paz, a ilusão, a gloria ...
Que obscuro absurdo na minha Alma chora?
(FP)
Farei, e dia a dia passa o mês ...
E eu, cheio sempre só do que faria.
Vejo que o que faria se não fez,
De mim, mesmo em inútil nostalgia.
Farei, farei ... anos os meses são
Quando são muito – anos, toda a vida,
Tudo ... e sempre a mesma sensação
Que qualquer coisa há-de ser conseguida
E sempre quieto o pé e inerte a mão ...
Farei, farei, farei, ... sim, qualquer hora
Talvez me traga o esforço e a vitória,
Mas será só se nos trouxer de fora.
Quis tudo – a paz, a ilusão, a gloria ...
Que obscuro absurdo na minha Alma chora?
(FP)
quarta-feira, maio 13, 2009
selo - j adore ton blog
A JU, ofereceu-me este selinho que é um mimo!
.
... as regras são:
.
1 – Colocá-lo no seu blog
2 – Indicar 10 blogues que adore
3 – Informar aos blogs indicados que receberam o selo
4 – Dizer 5 coisas que adorem na vossa vida
.
as velas ardem sempre ate ao fim ( as velas tb me deu o mimo)
.
....e haveria muitos mais por mim adorados, but......escolhi estes 10, mas todos os meus linkados são meus eleitos
.
em relação a coisas que adoro...são tantas.......
.
1- adoro a minha família, derreto.me com meus sobrinhos
2- adoro os meus amigos, apesar de poucos
3- adoro gatos , gatinhos, gatões
4- adoro ler e ouvir "minhas músicas"
5- adoro aneis, pulseiras, perfumes, malas, sapatos..ops ok paremos por aqui , com tanta futilidade..................................................
saudades de mim
terça-feira, maio 12, 2009
acessos
foto de bruno silva
Já senti tantos acessos de alegria e tristeza que nunca mais me deixarei arrastar por elas à primeira vista.” Shakespeare
todas as palavras
Há palavras que fazem bater mais depressa o coração – todas as palavras – umas mais que as outras, qualquer mais que todas.
Conforme os lugares e as posições das palavras.
Segundo o lado de onde se ouvem – do lado do Sol ou do lado onde não dá Sol.
Cada palavra é um pedaço de Universo.
Um pedaço que faz falta ao Universo.
Todas as palavras juntas formam o Universo.
As palavras querem estar nos seus lugares!
Almada Negreiros
Almada Negreiros
segunda-feira, maio 11, 2009
sentir
não sei......
foto de Miguel Marques
«Não sei para o que vim. Sei porque tive de vir: para escapar ao que me sufocava. Como se não houvesse outro lugar, outra cidade. Como um estilhaço de ferro é atraído por um íman. Agora devo esperar que algo aconteça, sem ter a mínima certeza de que vai acontecer, com a angústia acrescida de que algo aconteça sem que eu dê por isso, de falhar o inesperado. É preciso, creio, distinguir o que se sabe do que não se sabe; e o que não se sabe do que nem sequer se sabe que não se sabe. O que não sei que não sei é o decisivo. Talvez seja por isso que vim até aqui, que tive de regressar a esta cidade no meio de um deserto. O deserto que alastra, não cessa de alastrar, por todo o mundo. Tenho de aprender de novo a esperar. A estar atento. Repito: facilmente me pode escapar aquilo por que vim, se nem um nome lhe sei dar.»
Pedro Paixão
domingo, maio 10, 2009
segunda-feira, maio 04, 2009
tu.....
foto de Carlos Lopes Franco
Aquilo que condenas
Não condenas.
Tu és o paradoxo
De ti próprio,
A luta da tua luta,
A compreensão do incompreensível.
Dizes o que não pensas.
E não pensas o que pensas.
Amas como dizes não amar...
Sentes como dizes não sentir...
Não és poeta mas és fingidor.
Só não sabes que és ambas
As coisas
E que em ti nascem e morrem
Infinitos;
que em ti se consagram
Mundos e vontades,
Que és nascente de rio
E foz ao mesmo tempo
Só não sabes que sabes
(ou saberás que sabes?)
João Mattos e Silva
domingo, maio 03, 2009
Poema à mãe
foto de Cecy_G_
No mais fundo de ti,
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...
Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me?
-,às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
"Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...
Boa noite. Eu vou com as aves!
(Eugénio de Andrade)
sábado, maio 02, 2009
momentos, passeios , lugares
sexta-feira, maio 01, 2009
como um gato
Há dia, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento - um vago agradecimento? - e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar.
em «Assinar a Pele» de Pedro Paixão (Escritor português, 1956- )
em «Assinar a Pele» de Pedro Paixão (Escritor português, 1956- )
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