Chamo-te...
terça-feira, outubro 31, 2006
domingo, outubro 29, 2006
e por vezes
sábado, outubro 28, 2006
sexta-feira, outubro 27, 2006
ZUTe
foto de isabel
ZUTe – jose de almada negreiros
ZUTe! Bruto – parvo – nada
Que me roubaste tudo;
Té me roubaste a vida
E não me deixaste nada!
Nem me deixaste a Morte!
ZUTe! Poeira – pingo – micróbio
Que gemes pequeninos gemidos gigantes
Grávido de um poeta colossal
ZUTe! Elefante – berloque – parasita
do que não presta!
ZUTe! Bugiganga – celulóide – bagatela!
ZUTe! Besta!
ZUTe! Bácaro!
ZUTe! Merda!!!
ZUTe – jose de almada negreiros
ZUTe! Bruto – parvo – nada
Que me roubaste tudo;
Té me roubaste a vida
E não me deixaste nada!
Nem me deixaste a Morte!
ZUTe! Poeira – pingo – micróbio
Que gemes pequeninos gemidos gigantes
Grávido de um poeta colossal
ZUTe! Elefante – berloque – parasita
do que não presta!
ZUTe! Bugiganga – celulóide – bagatela!
ZUTe! Besta!
ZUTe! Bácaro!
ZUTe! Merda!!!
quinta-feira, outubro 26, 2006
Circulação
terça-feira, outubro 24, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
As nuvens não se espantaram
foto de Graça
Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
Pra que o dia fosse enorme,bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
Sebastião da Gama
Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
Pra que o dia fosse enorme,bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
Sebastião da Gama
domingo, outubro 22, 2006
sábado, outubro 21, 2006
sexta-feira, outubro 20, 2006
quinta-feira, outubro 19, 2006
alguém disse
“zangei-me diversas vezes com a vida e muitas outras com a igreja catolica... mas não me tiraram a esperança.
sou inconformista com as coisas que estão programadas, rotuladas.
por isso, por vezes, sou deliberadamente difícil e incómoda.”
quarta-feira, outubro 18, 2006
segunda-feira, outubro 16, 2006
sábado, outubro 14, 2006
intruso
foto de Mara Mitchell
Trecho 429, Livro do Desassossego, Bernardo Soares
Trecho 429, Livro do Desassossego, Bernardo Soares
Em todos os lugares da vida, em todas as situações e convivências, eu fui sempre, para todos, um intruso.
Pelo menos, fui sempre um estranho. No meio de parentes, como no de conhecidos, fui sempre sentido como alguém de fora.
Não digo que o fui, uma só vez sequer, de casa pensado. Mas fui-o sempre por uma atitude espontânia da média dos temperamentos alheios.
Fui sempre, em toda a parte e por todos, tratado com simpatia.
A pouquíssimos, creio, terá tão pouca gente erguido a voz, ou franzido a testa ou falado alto ou de terça. Mas a simpatia, com que sempre me trataram, foi sempre isenta de afeição.
Para os mais naturalmente íntimos fui sempre um hóspede, que, por ser hóspede, é bem tratado, mas sempre com a atenção devida ao estranho e a falta de afeição merecida pelo instruso.
Não duvido que tudo isto, da atitude dos outros, derive principalmente de qualquer obscura causa intrínseca do meu próprio temperamento.
Sou por ventura de uma frieza comunicativa, que involuntáriamente obriga os outros a reflectirem o meu modo de pouco sentir.
Travo, por índole, rapidamente conhecimentos.
Tardam-me pouco as simpatias dos outros. Mas as afeições nunca chegam. Dedicações nunca as conheci. Amarem, foi coisa que sempre me pareceu impossível, como um estranho tratar-me por tu.
Não sei se sofra com isto, se o aceite como um destino indiferente, em que não há nem que sofrer nem que aceitar.
Desejei sempre agradar.
Doeu-me sempre que me fossem indiferentes.
Órfão da Fortuna, tenho, como todos os orfãos, a necessidade de ser o objecto de afeição de alguém. Passei sempre fome da realização dessa necessidade.
Tanto me adaptei a essa fome inevitável que, por vezes, nem sei se sinto a necessidade de comer.Com isto ou sem isto a vida dói-me.
Os outros têm quem sempre se lhes dedique.
Eu nunca tive quem sequer pensasse em se me dedicar.
Servem os outros: a mim tratam-me bem.
Reconheço em mim a capacidade de provocar respeito, mas não afeição. Infelizmente não tenho feito nada com que justifique a si próprio esse respeito começando quem o sinta; de modo que nunca chegam a respeitar-me deveras.
Julgo às vezes que gozo sofrer. Mas na verdade eu preferiria outra coisa.
Não tenho qualidades de Chefe, nem de sequaz. Nem sequer as tenho de satisfeito, que são as que valem quando essas outras faltem.
Outros, menos inteligentes que eu, são mais fortes.
Talham melhor a sia vida entre gente; administram mais habilmente a sua inteligência. Tenho todas as qualidades para influir, menos a arte de o fazer, ou a vontade, mesmo, de o desejar.
Se um dia amasse, não seria amado.
Basta eu querer uma coisa para ela morrer.
O meu destino, porém, não tem a força de ser mortal para qualquer coisa.
Tem a fraqueza de ser mortal nas coisas para mim.
sexta-feira, outubro 13, 2006
quarta-feira, outubro 11, 2006
CONFIDENCIAL
cristye
Não me perguntes,
porque nada sei
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitando.
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.
MIGUEL TORGA (1907 - 1995)
Não me perguntes,
porque nada sei
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitando.
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.
MIGUEL TORGA (1907 - 1995)
sem
domingo, outubro 08, 2006
sexta-feira, outubro 06, 2006
Ausência
fotos de kerim marangoz
Quero-te dizer uma coisa simples: a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não magoa, que se limita à alma, mas que não deixa, por isso, de deixar sinais... um peso nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos. Como se as tuas mãos lhe tivessem roubado o tacto. São as estas as formas do amor. Podia dizer-te, e talvez acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas, quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade. Porém, é o sonho que me traz a tua memória, e a realidade aproxima-me de ti, agora que os dias correm mais depressa, e as palavras ficam presas num refracção de instantes, quando a tua voz me chama de dentro de mim e me faz responder-te uma coisa simples, como dizer que a tua ausência me dói.”
Nuno Júdice
Quero-te dizer uma coisa simples: a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não magoa, que se limita à alma, mas que não deixa, por isso, de deixar sinais... um peso nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos. Como se as tuas mãos lhe tivessem roubado o tacto. São as estas as formas do amor. Podia dizer-te, e talvez acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas, quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade. Porém, é o sonho que me traz a tua memória, e a realidade aproxima-me de ti, agora que os dias correm mais depressa, e as palavras ficam presas num refracção de instantes, quando a tua voz me chama de dentro de mim e me faz responder-te uma coisa simples, como dizer que a tua ausência me dói.”
Nuno Júdice
quinta-feira, outubro 05, 2006
terça-feira, outubro 03, 2006
Estou hoje lúcido . . .
foto Pedro Gomes
...
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
...
a.campos.
...
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
...
a.campos.
domingo, outubro 01, 2006
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