foto de Geoffroy Demarquet
Vejo as nuvens que avançam do Atlântico
para o continente.
E, por trás delas, como um pastor
exigente, o vento que as empurra.
Depois,
as nuvens passam e volta o sol, com o azul
imutável das manhãs de outono, monótono e distante
como quem o olha, ao sair de casa, sem
tempo para pensar no tempo.
As nuvens, no entanto, continuam
o seu caminho: umas, desfazem-se em águas
obre campos vazios, ou descem para as grandes
cidades para as abraçar com um tédio
enevoado. As que me interessam, porém,
são as que sobem para norte, e ficam
mais frias à medida que as pressões continentais
abrandam o seu curso. Então, param
em dias cinzentos; e, por fim, escurecem
a tua alma, quando as olhas, e te apercebes
de que se aproxima um inverno
de solidão.
A não ser que leias, nesse obscuro céu,
esta carta que te mando.
Nuno Júdice
sábado, janeiro 20, 2007
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15 comentários:
eh pá, nunca me chegou nenhuma carta através do céu! ;)
Adoro este poema:)
beijos
...sempre poderoso.
sinto uma leve tristeza
por aqui Su...
pssst...
abraços marados.
Outro grande poeta que começo agora a conhecer. Beijo!
Muito bonito e forte este poema que desconhecia.
Adoro olhar as nuvensa formarem imagens e tenatra divinhar o que são.manias.
bjinhoe boa semana
terna e operativa solidão. bjo.
melancolia. doce :)
beijinho
Não há nuvens eternas, só amor... que pode ser distribuído por quem desejamos.
Um beijo
Daniel
Bonito poema. Lá fora hoje chove (Porto) e ouço que os dias vao chegar frios. Talvez a poesia nos salve do cinzento :)
afastam-se as núvens para que a "carta" chegue.
beijo
E eu que passo a vida com a cabeça nas nuvens....
não é um dos meus Poetas....:(
mas gosto deste "dizer".
beijo Su.
para cá das nuvens.
ultrapassados os problemas tecnicos, voltei !! beijokas
* * *
fabula; wind; a.; arion; as velas...; martim; cristina; daniel ..; te; sea; marta; mendes ferreira; pb; silvio............
jocas maradas per tutti
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