
 (...)
 A queda da 
laranja provocará o poema?
A 
laranja voadora é , ou não é,uma 
laranja imaginada por um louco?
E um louco, saberá o que é uma 
laranja?
E se a 
laranja cair? E o poema?
E o poema com uma 
laranja a cair? E o poema em forma de 
laranja?
E se eu comer a 
laranja,estarei a devorar o poema? A ficar louco?
(...)
E a palavra 
laranja existirá sem a 
laranja?
E a 
laranja voará sem a palavra 
laranja?
E se a 
laranja se iluminar a partir do seu centro, do seu gomo mais secreto, e alguém a (esquecer) no meio da noite-servirá (o brilho) da 
laranja para iluminar as cidades há muito mortas?
E se a 
laranja se deslocar no espaço-mais depressa que o pensamento, e muito mais devagar que a 
laranja escrita - 
criará uma ordem ou um caos?(...)
Al Berto - Prefácio para um livro de poemas