Acordo de noite subitamente,
E o meu relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora.
O meu quarto é uma cousa escura com paredes vagamente brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena cousa de engrenagens que está em cima da minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque a única cousa que o meu relógio simboliza ou significa
Enchendo com a sua pequenez a noite enorme
É a curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a sua pequenez
...
Alberto Caeiro
9 comentários:
O Blogg com as melhores fotos da Bloggosfera. Como já te disse uma vez, tenho pena de não ter capacidade para comentar os vários poemas que as acompanham.
Beijos
nuno..merci:)
Olá!
Concordo com o nuno...imagens lindas, acompanhadas de lindas palavras ;=)
Beijocas
Bom domingo
o heterónimo preferido
obg
abraço**
... e a noite é tão longa
Saudações amigas
C valente
Gostei, e as fotos são um espectaculo,
Saudações amigas
Execelente escolha!!!!
Alberto.....Fernando Pessoa! ;)
aparentemente real,
o
tempo...
Ha sido un gusto descubir tu espacio y leer aquí, en tu idioma, este poema de Pessoa, es decir, de uno de sus otros Pessoas que siempre sorpenden.
Saludos...
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