Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
Clarice Lispector
quinta-feira, junho 28, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
E-S-P-E-C-T-A-C-U-L-A-R!:)
beijos
Cheguei aqui via "fábula" ...!
Os sinceros parabéns pelo teu Blog ...!
Vou passar por cá mais vezes ...!
Um BOM FDS!
Bjks da M&M & Cª!
Directamente de Lisboa. Nomeei-te como uma das sete maravilhas. Lê com atenção o regulamento.
Genial!
bjos
recorda-me...
Ouviu-se aqui o grito.
O desepero nele contido chega a ser aflitivo
Um beijinho
wind....é pois..........beijo
miguel...merci..volta sempre.
blackangel....directamente de marte;) isto é lá um blog maravilha:))) qto muito às vezes maravilhoso ,,,,,:)))
as velas ardem até ao fim....belo, sim
essencia.... ..me......
gi.....sempre aflitivo
jocas maradas
muito lindo...
gostei muito.
beijinho su
e bom fim de semana
Enviar um comentário