O que mais me intriga e dói na nossa morte, como vemos na dos outros, é que nada se perturba com ela na vida normal do mundo. Mesmo que sejas uma personagem histórica, tudo entra de novo na rotina como se nem tivesses existido. O que mais podem fazer-te é tomar nota do acontecimento e recomeçar. Quando morre um teu amigo ou conhecido, a vida continua natural como se quem existisse para morrer fosses só tu. Porque tudo converge para ti, em quem tudo existe, e assim te inquieta a certeza de que o universo morrerá contigo. Mas não morre. Repara no que acontece com a morte dos outros e ficas a saber que o universo se está nas tintas para que morras ou não. E isso é que é incompreensível - morrer tudo com a tua morte e tudo ficar perfeitamente na mesma. Tudo isto tem significado para o teu presente. Mas recua duzentos anos e verás que nada disto tem já significado.
Vergílio Ferreira, in 'Escrever'
terça-feira, janeiro 10, 2006
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15 comentários:
Tema complicado que escolheste. Só que a verdade é esta: se um amigo morre (seja de que forma for) sofre-se na altura, mas depois a vida continua. Posso parecer fria, mas é o que já vi. Só ficam na memória os artistas, os reis, etc.
Páro por aqui porque este é um tema que me atrai discutir, mas aqui não é lugar para isso:) beijos
Concordo com o comentário que me antecede.De facto,o mal é mesmo de quem morre.Nós que cá ficamos continuamos...rimos,choramos e a vida continua...quem morre enfim...vai e nunca mais volta.
A morte faz parte do ciclo da vida. O universo está em constante mudança. De certa forma também ele morre e se transforma. Nada é igual a um minuto atrás. A mortet faz parte da própria natureza. É certo que quando perdemos alguém que nos é querido, sofremos essa perca, mas a vida tem que continuar.
Há que aproveitar a presença de quem nos é querido enquanto vivos, fazendo de um simples abraço, o último. "Por morrer uma andorinha, não acaba a Primavera"...
Percebi perfeitamente o teu post. Obrigado.
Concordo com a tua reflexão...
O primeiro passo para a morte é termos nascido. A maior certeza na nossa vida, é que vamos morrer. A nossa dúvida é se seremos substituíveis.
...Somos apenas uma peça microscópica de uma grande máquina, complicada.
Vamos viver a vida.
beijinhos
Gostei do blog :)
beijos, Betty
É mesmo isso, para o bem e para o mal...
E daqui a 200 anos quem se lembrará dos nossos blogues...?
É por estas e por outras que devemos aproveitar o presente.
Beijinhos.
Um tema que adoro. A morte agora e no passado. Mas tem q ser visto de forma subjectiva para podermos falar nela. Quando toca aos nossos mais próximos, a frieza desaparece. Soltam-se os sentimentos.
Beijocas para ti (doces)
não acho que o mal seja de quem morre. esse já não sofre nada. quem cá fica é que tem a dor. mas tudo continua na mesma com ou sem nós. felizmente. bjs
Não concordo com o Virgílio Ferreira.
A morte faz parte da vida.
Ter pretenções a que cada um de nós, de per si, seja "imortalizado" é um pretenciosismo, por acaso bem comum.
É isso que alimenta as religiões.
A ilusão de não morrer. De viver sempre, aqui ou Além!
Obrigado pela visita e por apoiares a minha posição na questão da guerra dos sexos.
Beijinhos
pois é ....
....
Olá linda ... um relato racional e absolutamente verdadeiro ...
Beijoca encaracolada :)
wind...a vida continua mesmo, mas o tema tb interessa-me:)))
dulcineia.... quem parte, acaba...
mgbon....gostei das tuas palavras, claro que a vida é um ciclo, do qual q morte faz parte
fz....jocas para ti
pedro nobre....com a do VF:)))a qual partilho
jose....não há ninguem insubstituível....
folhas de mim ...merci, volta sempre:)
nilson...tu pensas nos blogues..buáaaaaaaaaa
dulce...tb adoro o tema e concordo com o que escreves
antónio....não estavas atento, o que está em causa não é a imortalidade, mas sim a morte como algo banal (nos outros, claro)
holeart...é pois....
a.... complexa, fria, curta,... a vida
caracolinha..tb acho mto racional
jocas maradas per tutti
su
Estava atento, estava.
Li o texto várias vezes antes de comentar.
O texto de Virgílio Ferreira começa:
"O que mais me intriga e dói na nossa morte, como vemos na dos outros, é que nada se perturba com ela na vida normal do mundo".
E eu escrevi:
"Não concordo com o Virgílio Ferreira.
Ter pretenções a que cada um de nós, de per si, seja "imortalizado" é um pretenciosismo, por acaso bem comum".
Acho que a minha resposta encaixa perfeitamente no texto
(talvez numa perspectiva mais alargada ou abrangente).
Beijinhos
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