sábado, julho 12, 2008

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem
,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

7 comentários:

quanto pesa o vento? disse...

que lindo!
adorei o texto e amei o titulo.

abraço.

Fernanda disse...

Bela foto...para geniais palavras.


Um óptimo dia para ti.

vida de vidro disse...

"Sou a minha própria paisagem". Entendo isso muito bem. É uma maldição, às vezes! :))**

DE-PROPOSITO disse...

Fui eu?...
----
Sou eu!...

Luís Alvarenga disse...

Um texto óptimo (não sou bom em elogios) e com
influências "Pessoanas" (atrevo-me a dizer), o que só vem demonstrar a sensibilidade na escrita.

Su disse...

azul; fernanda; vida; de proposito; acutilante (é dele pp, fp)


jocas maradas....sempre

Pedaços de mim disse...

Sabes que nem eu....

Por vezes fico cansada...


Beijo ;)