quarta-feira, maio 31, 2006

tanto mar...


as águas sobem

o vento morre nas margens

a maré tarda ao nível do silêncio

...

domingo, maio 28, 2006

mergulho



A maioria das vezes conseguimos.

Às vezes, no entanto, quedamo-nos num limbo de indecisão

sábado, maio 27, 2006

um abraço


a vida é aquilo que acontece enquanto você faz planos ...

john lennon

sexta-feira, maio 26, 2006

... e vai daí ...



... vou descalçando os pés, cansados de matarem saudades das avenidas, pondo discretamente os sapatos de lado ...

terça-feira, maio 23, 2006

Há dias

Há dias /Em que não cabes na pele /Com que andas
Parece comprada em segunda mão /Um pouco curta nas mangas

Há dias ..........
À noite voltas a casa /Ao porto seguro
E p'ra sarar mais esta corrida /Vais lamber a ferida /Para o canto mais escuro ....

Enfim, .....
Há dias em que eu /Também estou assim
Parece que pagamos os /Pecados deste mundo
Amarrados aos remos de um Barco que está no fundo.

(Ala dos Namorados)

foto de VM

domingo, maio 21, 2006

Abrigo

Abrigo-me de ti
de mim não sei

há dias em que fujo
e que me evado
há horas em que a raiva
não sequei
nem a inveja rasguei
ou a desfaço


Há dias em que nego
e outros onde nasço
há dias só de fogo
e outros tão rasgados


Aqueles onde habito com tantos
dias vagos.

- Maria Tereza Horta
foto de VM

sábado, maio 20, 2006

verde

depois da luta e depois da conquista

fiquei só

fora um acto antipático!

deserta a ilha e no lençol aquático

tudo verde, verde

- a perder de vista

camilo pessanha

sexta-feira, maio 19, 2006

qualquer coisa


a sua cabeça era como um hotel- onde as ideias vão e vêm como hóspedes em trânsito, sem deixar atrás de si as suas moradas...

edith warton

terça-feira, maio 16, 2006

pink


... sometimes...

sometimes you can t get la vie en rose out of your head


sometimes it is déja vu all over again ...












gwen stefani

segunda-feira, maio 15, 2006

esta é uma página tranquila


deixar-me estar.
assim ...
tranquila...
comigo própria

domingo, maio 14, 2006

e assim

azul


eu hoje estou assim

sábado, maio 13, 2006

Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

sexta-feira, maio 12, 2006

desejo


o desejo é a própria vida, é frágil, sujeito a mil acontecimentos inesperados.
eterno, mas não constante.

francisco allen gomes

bom dia


começar bem o dia é assim...

tome nota:)

quarta-feira, maio 10, 2006

abyssus abyssum


gosto do mar desesperado
a bramir e a lutar;
e gosto de um barco ainda mais ousado
sobre esta rebeldia a navegar.


miguel torga, diário III

segunda-feira, maio 08, 2006

compreender

"sempre que encontro alguem que, num dado momento compreende uma parte de mim mesmo, chego sempre a um ponto em que sei que deixou de me compreender ...
o que eu procuro tão desesperadamente é alguém que me compreenda."

alguém disse

foto Barbara Angel

domingo, maio 07, 2006

tempo


"o meu pensamaneto será uma viagem, um perpétuo remorso entre um passado que teima em sobreviver e um futuro ou um presente que já não entendo."
rui nunes


foto de Kazuo Okubo

POEMA À MÃE


No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, maio 05, 2006

espera

aqui onde o exílio
doí como agulhas fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas

até que uma pedra irrompa
e floresça.
até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.



eugénio de andrade. as mãos e os frutos .1948




foto de carlos marques

quarta-feira, maio 03, 2006

!!!


é proibida a entrada
a quem não andar
espantado de existir

segunda-feira, maio 01, 2006

radical


não pretendo afirmar que existe uma necessidade radical de enlouquecer mas sim que a loucura é expressão desesperada de uma radical necessidade de mudança.
david cooper

...


ser e não parecer !