segunda-feira, julho 26, 2010

EU PEDI

foto de BRUNO NEVES

Não sabia
Mas podia acontecer
Não é tristeza
Mas desilusão
Será?
E o que resta?
Solidão, tristeza?
Sei lá!
Amargura...Incerteza
Que fazer?
Persistir
Ou desistir?
Ah! Se fossem só palavras...
(Graça da Hora)

quarta-feira, julho 21, 2010

tu

foto de martin kovalik
Aquilo que condenas
Não condenas.

Tu és o paradoxo
De ti próprio,
A luta da tua luta,
A compreensão do incompreensível.

Dizes o que não pensas.
E não pensas o que pensas.

Amas como dizes não amar...
Sentes como dizes não sentir...

Não és poeta mas és fingidor.
Só não sabes que és ambas
As coisas
E que em ti nascem e morrem
Infinitos;
que em ti se consagram
Mundos e vontades,
Que és nascente de rio
E foz ao mesmo tempo
Só não sabes que sabes
(ou saberás que sabes?)

João Mattos e Silva

terça-feira, julho 20, 2010

?

Tinha de ser, eu, não podia mais.
Continuar seria uma loucura, uma vergonha ou uma estupidez.
Cansei-me de ser bom, de ser amigo, e esta foi, afinal, a derradeira vez.
A derradeira, sim, que perdoei o mal que construí pelas minhas próprias mãos.
Ouvindo em cada passo num insulto ou numa gentileza disfarçada em cinica e venal contradição.
Satisfazer caprichos e apetites, a troco de uma reles ilusão.
Ser parvo, não ouvir, não compreender, sofrer, chorar, fingir não dar por nada e regressar casa ainda mais destruído e desprezivel.
Só quando a noite dá lugar à madrugada e a gente raciocina mas não vê... numa palavra: Viver assim, porquê?
(desconheço o autor)

segunda-feira, julho 19, 2010

terça-feira, julho 13, 2010

E por vezes


(...)
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes
ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.
(David Mourão-Ferreira)

segunda-feira, julho 12, 2010

aniversário

foto de bruno silva
(...)
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,

O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!…(Nem o acho…)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
(...)
F.P.