- Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia /Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia .../Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia /E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria /Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia /Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amor /Minha estrela da tarde/ Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde /Meu amor, meu amor /Eu não tenho a certeza /Se tu és a alegria ou se és a tristeza /Meu amor, meu amor /Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram /Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram /Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram/ E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram/ Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam /Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram /E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto/ É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto/ Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto /Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.
José Carlos Ary dos Santos
5 comentários:
É o que se chama andar contra a corrente!
O (in)consciente tem destas coisas. Trazer à lembrança este este lindo poema, neste dia, antes chamado o (nojento) dia da Raça. Hoje apelidado das Comunidades.., que já não têm dinheiro para nos mandar.
Jocas lusas...
Eu fico arrepiada só de ler este poema e de me lembrar da voz do ARI. Só um grande Homem era capaz de fazer este poema. Pena é que a sua sensibilidade o tenha levado tão cedo.
Uma escrita bem ao estilo do Zé Carlos.
Querida Su
Um dos maiores poetas de sempre!
Um beijo
Daniel
Poderoso! Mesmo à Ary! E cantado pelo Carlos do Carmo também é qualquer coisa!
anfitrite...é isso mesmo...o inconsciente faz.nos destas.....mas este poema é imenso tal como o poeta
observador...lindoooo
daniel....sempre intenso.bjo
carol....poderoso, isso mesmo :)
jocas maradas....sempre
Enviar um comentário