sexta-feira, agosto 19, 2005

O AMOR NÃO SE BASTA

O AMOR NÃO SE BASTA

(Gustavo de Oliveira , Director de Redacção do DIÁRIO DE CUIABÁ )

Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma óptima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga.
Tudo o que todos querem é amar... Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras.
Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ónibus lotado.
Tem algum médico aí? Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o quê?
Sobra o amor.... ah ! o amor...
Mas não o amor mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar. O que sobra é o amor que todos conhecemos: o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho. É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo.
Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.
Casaram... Casamos...
Te amo pra lá, te amo pra cá. Lindo !... mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas.
Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito.
Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência. Amor, só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar. Amar, só é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra.
Não adianta, apenas, amar.
Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimónio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem: às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou.
É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, "solamente", não basta. Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar pra sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ónus da omnipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta !!!

4 comentários:

noiseformind disse...

Ai... tranquilidade e amor, minha amiga, vou ser sincero contigo, acho que não há nada a fazer, só muita sabedoria e muita paz de espírito nos podem fazer amar de forma a não fazer do outro o espelho completo do nosso espelho partido cá dentro, lamento, ou como diz o poeta:

Tenho cá uma certeza,
Uma é o meu amor,
Outra a tua beleza,
Esqueci-me de todas as coisas,
Que pudessem fazer o meu amor falhar,
Não me esqueci de deixar À porta,
Todas estas armas de desconfiar ; )))

Beijinhos grande

Peter

noiseformind disse...

Atenção: o poeta em causa sou eu e o poema foi escrito mesmo agora ; )))

Su disse...

ops gostei desse teu poema "turbo"!
mas tua leitura foi feita na diagonal..pois a meio disto tudo , para ter mta paz, mta sabedoria, mta tranquilidade , está lá:
"Tem que ter um bom psiquiatra.
Não adianta, apenas, amar" :))))
rsrs

barry bonds disse...

Atencion!
?Tu eres esquir?