quinta-feira, dezembro 07, 2006

Arrepio na tarde

foto de Catarina

Não sei quem, nem em que lugar,
mas alguém me deve ter morrido.
Senti essa morte num arrepio da tarde.
Qualquer amigo, um dos vários
que não conheço e só a poesia
sustenta. Talvez a morte fosse
outra: um pequeno réptil
no sol súbito e quente de março
esmagado por pancada certeira;
um cão atropelado por um bruto
que, ao volante, se julga um deus
de arrabalde, com sucesso garantido
junto de três ou quatro putas de turno.
Talvez a de uma estrela, porque também
elas morrem, também elas morrem.

Eugenio de Andrade

5 comentários:

wind disse...

Excelente escolha!:)
beijos

Anónimo disse...

Em mim, morreu mesmo alguém... :( Beijo!

Titá disse...

EUgénio de Andrade...

Obrigada
Beijinhos e bom fim de semana

mfc disse...

Todos morremos um pouco em cada dia que passa!

pb disse...

Todos morremos um pouco em cada dia que passa! é uma grande verdade, mas tambem temos que renascer em cada novo dia que começa. Beijokas